terça-feira, 10 de janeiro de 2012

GOOD OLD DAYS…




Ainda me lembro quando a palavra VIP fazia estremecer até os que o eram realmente e andavam no meio dos ricos, bonitos, famosos e party lovers. Era efectivamente bom e recomendava-se. Estremecíamos de entusiasmo ao pensar em mais uma festa, uma noitada, uma rambóia à antiga. E quase sem regras. Isso sim era ser VIP. Saudades… ui ui.. Ainda me lembro quando ser VIP dava acesso ao mais privado dos privados, às passadeiras vermelhas  , que eram poucas mas esplendorosas, limpinhas, sem remendos e borbotos e melhor ainda, davam carta branca às portas das traseiras, aos escritórios, corredores e às catacumbas dos bares e discotecas. Ainda me lembro quando ser VIP, era um misto de glamour despreconceituoso e… baldas chique. Dá para entender? Era entrar onde se queria, à hora que se queria. Era beber a noite toda sem a preocupação de ser apanhado pelo fotógrafo, pela brigada de trânsito ou de ter as orelhas ( e não só…) puxadas por ter perdido o cartão de consumo no calor da noite… E já que falamos em cartões, era enche-lo até cair ( o cartão claro…), não pagar e ainda ir buscar mais um ou dois. 
Podem me chamar saudosista, exigente, nostálgica ou até carcaça velha mas a verdade é que até a bela da sigla ( VIP) e principalmente ao que a ela se relaciona hoje em dia, parece me ser de um  mundo bem distante e diferente d que acabei de descrever. Hoje em vez de 100 “vips” existem 100.000, não existe exclusividade nem dificuldade em “sê-lo” e muitas vezes basta parecê-lo em vez de usufruir do que esse patamar poderia efectivamente oferecer ao verdadeiro lazer da saída à noite. Hoje , basta ter uma pulseirita florescente e ranhosa agarrada ao pulso e é ver toda  a pandilha  a gritar à porta: “ deixem me entar! Estou na lista VIP!!”. VIP que é VIP se quer gritar, grita dentro da cabine, junto ao dj, grita dentro do bar enquanto serve shots aos amigos ou grita piropos e alarvidades sem ninguém lhe tocar. Porque é amigo dos seguranças e do dono da discoteca e além disso tudo o que fica mal aos outros… nos ditos, toda a gente acaba por achar irreverente em vez de parvo e engraçadinho ao invés de irritante!
 Com ou sem foto, que essa só é gira se tirada sem estarmos à espera… Bring me back the GOOD OLD VIP DAYS and IM IN!!! Assim não… Prefiro ser VIP no sofá da minha casa…


Ser VIP era ser especial, único, um dos ícones da festa, ser mais do que bem vindo… ser um dos poucos “eleitos”. Era ter que escolher os eventos de agenda em punho, coordenando guest lists e escolhendo os  acontecimentos mais divertidos. Nunca jamais moeda de troca como há pouco me fizeram: “ Dou te um convite VIP mas só se apareceres na festa de apresentação do evento porque está lá a imprensa e precisamos das fotografias…” Ai meu deus, que me caiu tudo. O que tenho e o que não tenho. O que nunca tive e o que ei um dia de ter…. Até a Santa Ingrácia, padroeira de todas as festas ficou de boca à banda. É que, “ antigamente” uma das regras do ser, parecer ou ambicionar ser VIP passava pela discrição, ou se quiserem ser mais directos…. Do saber dar a volta… Sim, porque mesmo que os VIPS também sirvam para promover o que quer que seja, fazer publicidade e servir de chamariz “ aos meros mortais”….  Há que saber que os VIPS só mostrarão a sua raça e essência enquanto se sentirem exclusivos, imprescindíveis e indispensáveis.

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